O Yoga e a diversidade: dilemas sobre a exclusão e inclusão

O Yoga e a diversidade: dilemas sobre a exclusão e inclusão

Deprecated: A função wp_img_tag_add_loading_attr está obsoleta desde a versão 6.3.0! Em vez disso, use wp_img_tag_add_loading_optimization_attrs(). in /home/humani/humaniversidade.com.br/wp-includes/functions.php on line 6078

Deprecated: A função wp_get_loading_attr_default está obsoleta desde a versão 6.3.0! Em vez disso, use wp_get_loading_optimization_attributes(). in /home/humani/humaniversidade.com.br/wp-includes/functions.php on line 6078

Deprecated: A função wp_img_tag_add_loading_attr está obsoleta desde a versão 6.3.0! Em vez disso, use wp_img_tag_add_loading_optimization_attrs(). in /home/humani/humaniversidade.com.br/wp-includes/functions.php on line 6078

Deprecated: A função wp_get_loading_attr_default está obsoleta desde a versão 6.3.0! Em vez disso, use wp_get_loading_optimization_attributes(). in /home/humani/humaniversidade.com.br/wp-includes/functions.php on line 6078

Deprecated: A função wp_img_tag_add_loading_attr está obsoleta desde a versão 6.3.0! Em vez disso, use wp_img_tag_add_loading_optimization_attrs(). in /home/humani/humaniversidade.com.br/wp-includes/functions.php on line 6078

Deprecated: A função wp_get_loading_attr_default está obsoleta desde a versão 6.3.0! Em vez disso, use wp_get_loading_optimization_attributes(). in /home/humani/humaniversidade.com.br/wp-includes/functions.php on line 6078

Confira neste artigo do blog uma reflexão sobre o Yoga e a diversidade e alguns dilemas sobre a exclusão e a inclusão nas práticas do Yoga. Continue lendo!

“O verdadeiro Yoga (…) é um dever comum designado para todos”.

(Vasistha Samhita, cap I, v.31)

“Aqueles que praticam o Yoga em todos os seus aspectos obtém êxito, sejam jovens, velhos, decrépitos, enfermos ou fracos”.

(Hatha Yoga Pradipiká, cap I, v.64)

O Yoga e a diversidade: Introdução

Antes de quaisquer motivações contemporâneas ou pessoais, as frases anteriores, extraídas de textos clássicos, nos deixam claro que tornar o Yoga uma prática acessível a todos não é fruto de uma reflexão da nossa época ou de pessoas como eu, mas encontra amparo na própria literatura tradicional.

Comentando estas passagens nos textos antigos, Alicia Souto (2000) enfatiza que “todos podem praticar Yoga e obter a auto realização, ainda que tenham distintas condições”. Como fazê-lo, porém, eis a questão.

Será que pessoas com dificuldades corporais devem fazer as técnicas de modo rigidamente determinado pelos textos ou por tendências que visam perfeição estética? Será que as técnicas não devem servir aos indivíduos ao invés de estes servirem aos modelos preconcebidos de execução de cada técnica? Será que idade, condição física, cultura, etnia, condição mental, classe social, religião e outros fatores podem ser anulados pela uniformidade na condução das aulas? E a questão da inclusão? Até que ponto é viável mesclar nas aulas pessoas com as mais distintas características?

São inúmeras as questões; não podemos pretender que nossas respostas sejam definitivas para estas questões, mas podemos repensar nossas aulas e opiniões de como aplicar o Yoga.

O Yoga e a diversidade: Reflexões sobre a Inclusão 

A tese da inclusão de pessoas com necessidades especiais em salas de aula e escolas comuns ganhou recentemente espaço e tornou-se um dos nortes da política pública na área educacional.

Incluir é positivo em vários aspectos: o aluno especial não fica isolado em uma instituição especializada, e aprende a se integrar com colegas de distintas condições: conviver com a diferença é importante para todos. Além disto, pode ser cultivado dentre os alunos espírito de cooperação para que os mais aptos para certas tarefas auxiliem aos menos aptos; o mais importante é que num tal ambiente os preconceitos podem ser combatidos com mais facilidade.

Por outro lado, a inclusão vem com um apelo tão forte em prol destes aspectos positivos que alguns dos problemas associados a essas práticas já implementadas têm sido ignorados, talvez pela falta de uma avaliação de longo prazo sobre uma política de recente implementação: conviver com a diferença é bom, mas também o é conviver com os iguais e ser visto sempre como diferente em meio aos demais pode ser desmotivante.

Profissionais e instituições não especializadas não têm condições estruturais e humanas para lidar com as especificidades que cada pessoa apresenta necessidades especiais. Estas dificuldades podem gerar – e tem de fato gerado- uma exclusão dentro da inclusão, como por exemplo a não participação de deficientes físicos em aulas de educação física junto de alunos “comuns”, até pela ênfase demasiada na competitividade das atividades desenvolvidas em tais aulas.

Transportando esta reflexão para o contexto do Yoga, até onde podemos mesclar alunos de distintas condições numa mesma aula? Quando é necessário formar grupos especiais? Quando se torna ainda mais proveitoso individualizar as práticas, tal como um personal trainer? Afinal, não era o Yoga transmitido assim, individualmente de mestre a discípulo?

O Yoga e a diversidade – Sugestões particulares para vários tipos de pessoas: 

Com base em várias reflexões e experiências como profissional que já trabalhou muito tanto com grupos específicos como com grupos heterogêneos, proponho algumas sugestões sobre como lidar com as diferenças e necessidades específicas de praticantes de Yoga, relacionando-os na seguinte lista, mas alertando que não devemos estigmatizar as pessoas que se identificam com cada uma das condições aqui descritas:

• Gestantes podem fazer aula com um grupo convencional, desde que saibamos sugerir a elas algumas modificações conforme suas indicações e contra-indicações.
• Idosos também podem se mesclar a grupos heterogêneos, porém quanto mais dificuldades corporais e doenças que requerem cuidados especiais, mais interessante se torna individualizar suas práticas ou integrá-los em grupos específicos de idosos.
• Obesos também se encontram no mesmo caso das gestantes, exceto os que apresentam condições extremas, como obesidade mórbida.
• Crianças devem ter adaptações das práticas segundo suas características e, como aprendem brincando, a aula deve ter componentes lúdicos, portanto, recomendo grupos de crianças. As crianças mais maduras às vezes acompanham um dos pais em aulas com adultos sem dar problemas, mas isto depende do caso. Outra opção são as aulas para pais e filhos; neste caso, como todos estão acompanhados de crianças, cada adulto presente tende a ser mais tolerante com as outras crianças presentes.
• Deficientes físicos e cognitivos com comprometimentos moderados podem também participar de grupos heterogêneos, desde que o professor estude seus casos e saiba conduzi-los em cada momento específico. –Deficientes mais graves precisam de atenção especial e acho que é difícil oferecer a eles tal atenção sem deixar o grupo em segundo plano, portanto, nestes casos minha preferência é indicar aulas particulares ou em grupos especiais que podem ter também monitores auxiliares dos professores.
• Esportistas, principalmente os de alto nível, podem fazer práticas em grupos convencionais, porém podem também exigir treinos específicos mais dirigidos, bem como contra-indicações para técnicas que os predisponham a lesões.
• Pessoas com problemas comuns de saúde, como hipertensão, problemas de coluna, asma, fibromialgia, etc, podem também ser integradas aos grupos heterogêneos, desde que lembremos que nem tudo pode ser feito por eles e, em alguns casos, adaptações do ambiente são bem vindas. O mesmo vale para pessoas com distúrbios simples de humor, como depressão e ansiedade.
• Psicóticos precisam de acompanhamento especializado; é desejável ter grupos especiais neste caso com acompanhamento de um profissional da área de saúde mental, tendo cuidado com técnicas de interiorização.
• Pessoas de perfis sócio-culturais distintos podem praticar juntas, mas no caso a grande preocupação é com a linguagem, que deve ser compreensível mesmo aos menos “estudados”.
• Pessoas de distintas culturas e religiões devem ter a oportunidade de se integrar através destas práticas, mas devemos ter cuidados para não estruturar nossas aulas aparentando que há por trás do Yoga alguma espécie de doutrinação ou ritualismo diferente do que seguem e acreditam. 

Artigos que talvez você goste de ler: GUIA COMPLETO: QUAIS SÃO OS DIFERENTES TIPOS DE YOGA?

O Yoga e a diversidade – Algumas questões e respostas pertinentes: 

• Quando não se pode dizer que se está fazendo Yoga?

R: Em meu ver, quando não se tem consciência do que se está fazendo, nem tampouco dos efeitos e propósitos daquilo que se faz. Neste sentido questiono se deficientes cognitivos muito graves, bebês ou animais estariam de fato praticando Yoga quando os colocamos em atividades que se parecem com nossas práticas.

• Como pessoas tão diferentes podem fazer a mesma prática?

R: Elas não estarão fazendo a mesma prática, embora estejam na mesma aula. Cabe ao profissional ter bom senso e dar opções distintas de técnicas com fundamentos e propósitos semelhantes. É uma questão de estratégia.

• Como então dar atenção a um aluno em condições especiais num grupo grande que também requer atenção?

R: Uma boa estratégia é dar a informação precisa e clara para o grupo e verificar de imediato se o tal aluno precisa de uma outra opção. As opções sugeridas devem ser as mais próximas possíveis das técnicas orientadas a princípio, preservando-se os critérios de segurança e eficiência.

• Como conhecer todos os problemas que podem aparecer?

R: Estar aberto a dar aulas para “todos” não deve ser confundido com  complexos de onipotência e onisciência. Jamais conheceremos todos os problemas, mas devemos estudar os casos, fazer fichas individuais dos alunos, solicitar-lhes que busquem auxílio de outros profissionais quando necessário. O prof. Marcos Rojo costuma dizer que é muito mais fácil ver um médico hoje indicando Yoga a um paciente do que ver um professor de Yoga indicando um médico ao aluno. Será que somos assim tão perfeitos?

• Entre as pessoas ditas normais, não há restrições?

R: De forma alguma. Há inúmeras restrições e diferenças. Há verdadeiros abismos entre os ditos normais. Aliás, todos temos nossas eficiências e deficiências; é um erro não explorarmos essas potencialidades nem reconhecermos estas limitações.

• Quais as frases ou palavras-chave para o bom atendimento dos mais distintos públicos?

R: Bom senso; abertura para buscar sempre alternativas; disposição para aprender enquanto ensina; valorização dos caminhos descobertos pelos alunos.

O Yoga e a diversidade: Considerações Finais

    O Yoga é um caminho para a integração. Querer utilizá-lo para promover condutas exclusivas injustificáveis, para dividir, para valorizar a performance, restringindo-o a grupos de jovens saudáveis, corporalmente bem dotados, de classes sociais privilegiadas é perdê-lo em sua mais profunda essência. Este texto não poderia terminar sem um convite para uma profunda reflexão sobre o que queremos com o Yoga, e como pretendemos difundi-lo sem apelos elitistas e discriminatórios, mas ainda assim mantendo o realismo em nossas condutas, predispondo-se a avaliar cada situação para que o ambiente de aula, em grupos específicos ou heterogêneos, possa ser o melhor para o ensino-aprendizado.

Gerson D’Addio da Silva

Sobre A Humaniversidade

A Humaniversidade é uma escola holística que forma os melhores terapeutas do mundo, uma escola renomada com mais de 30 anos ensinando e auxiliando pessoas a se conectarem com o mundo e suas jornadas. Se você se conectou com esse artigo, fale conosco!  Saiba como podemos ajudar na sua jornada. Conheça todos os cursos